segunda-feira, 11 de agosto de 2008

ENTREVISTA HEITOR DE PAOLA PARA A REVISTA “ISTO É”


Entrevistador: Alan Rodrigues (alan@istoe.com.br)

Entrevistado: Heitor De Paola (
hdepaola@terra.com.br)

Método: e-mail

Data: 06/08/2008

ISTO É - Como o sr analisa a proposta dos ministros Tarso Genro e Vannuchi de “revisão" da Lei de Anistia, particularmente, na questão da condenação aos torturadores?

RESPOSTA – Em primeiro lugar há que investigar se realmente houve torturas. Até agora não há nenhuma prova convincente, só acusações de pessoas que têm óbvios interesses ideológicos, políticos e pecuniários - as vultosas indenizações a que teriam direito caso fossem condenados, com ou sem provas, os supostos torturadores. Estes deveriam ter amplo direito de defesa como assegura a Constituição.
ISTO É - O sr acha que a tortura foi crime político?

RESPOSTA – O que é um crime político? A meu ver crime é crime, seja qual for a motivação alegada. Com exceção do direito à legítima defesa, nada deveria ser atenuante, muito menos o político que é planejado nos mínimos detalhes e para o qual nem o estado de privação momentânea de consciência pode ser alegado.

ISTO É - O argumento dos militantes de esquerda é que eles, que se exporam (imagino que você tenha desejado dizer expuseram?) ao voto, pagaram caro nesse período e que até hoje sofrem com seqüelas, e que os militares saíram como os vitoriosos por isso deve ser passado a limpo esse período da história. Como o sr "vê" esse pensamento?

RESPOSTA – “Vejo” como uma série de mentiras dentro de mentiras. Note que você usa, talvez inconscientemente, os termos assimétricos, baseado no velho “dois pesos, duas medidas”: os militares são torturadores, criminosos, etc.; os terroristas e guerrilheiros são apenas “militantes”, quer dizer pessoas inocentes que apenas “militaram” em organizações cujos propósitos óbvios eram o terrorismo e a guerrilha para instaurar um regime totalitário do tipo cubano, que jamais anistiou ninguém: prende, mata e tortura e ainda recebe aplausos. Quanto aos militares terem sido vitoriosos: quem está no poder, hoje? Eles, ou os terroristas que eles combateram? A explicação de que “quem se expõe ao voto comprova sua inocência” é tão primária que nem mereceria comentários. Democracia não é júri e eleição não é tribunal! Quantos bandidos estão eleitos?

ISTO É - O sr, como ex militante, acha que essa proposta pode ser considerada como revanchismo?

RESPOSTA – Por parte de alguns indivíduos isolados, talvez sim. Mas esta proposta é muito bem elaborada – inclusive surgindo num momento em que os contatos do PT e de altos próceres do governo com as FARC estão sendo denunciados – e sua intenção é bem outra: desmoralizar, achincalhar e humilhar as Forças Armadas que, por mais que o governo faça, ainda são consideradas as instituições mais confiáveis do País. Não haverá revanche, tanto o Genro como o Vannuchi sabem que quando o processo chegar ao STF será arquivado.

ISTO É - O sr foi militante da ALN?

RESPOSTA – Não, da AP, de 1963 a 1968. Saí quando resolveram incrementar a luta armada, que já começara em 1961 em pleno regime democrático, pois não sou assassino. Por isto mesmo conheço muito bem esta gente que hoje clama ter lutado por democracia.

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