NOVA INJUSTIÇA EM 2010
Christina Fontenelle
2010
Infelizmente, o Estado está impregnado de
militância cega, emburrecida por anos e anos de lavagem cerebral, por pregação socialista
revolucionária, mais tarde apelidada de social-democracia. Aprenderam a
sofismar principalmente para si próprios os chamados social-democratas. Não
enxergam a realidade, não conseguem perceber-se manipulados para que a nomenklatura
locuplete-se em luxo, autoritarismo e roubalheira. Pior, não são nem maioria os
militantes, mas já são sim os emburrecidos e os incapazes mais manipuláveis que
‘jamais existiram na história deste país’.
Lula foi elevado a presidente do país para
dividi-lo, para trazer à prática a já arraigada pregação socialista, para dar
forma palpável à luta de classes. Em seus palanques e em algumas de suas
entrevistas, além de mentir, é só isso que ele fazia. Não importava que ele
flexionasse em gênero a palavra “pseudo”, que ele, numa entrevista dessas
tantas que vinha dando nos estúdios de TV na época das eleições de 2006,
feminilizou para “pseuda”; não importa o que faça nem o que denunciem, como ele
mesmo discursa, o que importa é que ele veio como instrumento vingador – aquele
que destruiria “o que o outro construiu e que eu não consegui”. Para os que estavam
com ele, para os que votavam nele, não importava se continuariam a nada ter, a
nada construir; o que importava é que “as elites” tudo perderiam (elite para os
petistas é quem tenta ganhar dinheiro honestamente, é culto, tem formação
educacional e profissional e tem valores cristãos).
Agora, em 2011, já com Dilma levada à
presidente da república pelas mãos de Lula e pelas artimanhas petistas, a
perseguição aos non gratos pelo PT em
nada mudou e continua a seguir seu rumo vingativo destruidor inabalável. Já não
se sabe mais o que é verdade e o que é mentira na terra do tio Lula.
Em dezembro deste ano, o jornalista Amaury
Ribeiro Junior publicou um livro pela editora Geração Editorial sob o título de
“A Privataria Tucana”. Segundo o autor, o livro apresenta provas documentais de
corrupção, de mal uso de dinheiro público, de tráfico de influência, de lavagem
de dinheiro e de enriquecimento ilícito de pessoas ligadas ao PSDB – mais
especificamente da família de José Serra - que teriam ocorrido durante as
privatizações – especialmente as das teles - no período em que o partido do
presidente Fernando Henrique Cardoso esteve no poder.
O autor diz que boa parte dos documentos
foi obtida na Junta Comercial de São Paulo, de forma lícita, através do serviço
de um despachante de nome Dirceu Garcia (também envolvido no caso de quebra de
sigili fical da filha de Serra).
Vamos aos fatos.
No começo da relação entre os dois, Amaury
costumava perdir a Dirceu fichas de breve relato (do registro de uma empresa na
junta comercial de seu Estado) – o que é passível de ser obtido por qualquer
pessoa dentro da legalidade – e fotocópias de inteiro teor, o que, dependendo
do caso, não pode ser licitamente obtido por qualquer pessoa mediante simples
requerimento. Mas, não parou por aí. Segundo Dirceu, em seu depoimento, Amaury
passou a pedir cópias de declarações de imposto de renda mediante o
fornecimento de números de CPFs e de CNPJs. Isso é crime. Ponto.
Já nessa etapa de mais ‘cumplicidade’
entre Amaury e Dirceu, este, como afirmou em seu depoimento, começou a prestar
serviços ao jornalista mesmo fora da JC-SP. Numa dessas vezes, foi até a Junta
Comercial de Barra Funda (SP) e entregou a uma pessoa chamada Ademir Estevam
Cabral (1) vários pedidos de cópias de declaração de imposto de renda. Foi nessa
leva de pedidos de cópia que acabou aparecendo publicamente, via imprensa, a
quebra de sigilo fiscal dos parentes de Serra. Por este deslize, Amaury foi
indiciado por quatro crimes.
E os documentos obtidos em cartórios? Será
que qualquer pessoa pode adentrar um cartório, repleto de registros de toda a
espécie e de toda a gente, e simplismente pedir a cópia de qualquer documento
de terceiros? Ora, os cartórios são uma extensão do braço do Estado, concedida
por este. Para estar dentro da legalidade, para poder exercer uma série de
deveres de cidadão, bem como para obter determinados direitos, toda e qualquer
pessoa precisa fazer algum tipo de registro nos cartórios. Eles guardam
importantes informações particulares dos cidadãos. O jornalista simplesmente se
refere a tais documentos como ‘documentos obtidos em cartório’. Como assim? Os
documentos eram de acesso público? Se não, foram obtidos de que maneira?
De modo que é de causar estranheza que um
indivíduo saia por aí obtendo documentos e sabe-se lá mais qual o tipo de
evidências que quiser, da forma que ache por bem, à revelia da lei, usando,
depois, o material obtido, para escrever um livro-colagem qualquer sobre o que
lhe der na veneta, e no qual dispare acusações sobre quem lhe convier, ao seu
bel prazer, e fica tudo por isso mesmo?
A editora acha lindo e publica o livro; alguns
coleguinhas da imprensa acham sensacional e dão o maior destaque nos veículos
em que trabalham; o indivíduo-autor dá dezenas de entrevistas dizendo o que
quer de quem ele queira; e ainda, sob a aparente normalidade legal e comercial,
o livro dispara em vendas e esgota em todas as livrarias do país... E fica tudo
por isso mesmo?
(1)
Ademir Estevam Cabral morava numa casa de tijolos aparentes na periferia de
Francisco Morato, junto com a ex-mulher, dois filhos, dois enteados e a neta. Segundo
sua esposa, Cabral não tem ensino fundamental completo, não sabe escrever
direito e nem mexer em computador - todo o seu patrimônio resumia-se a um fusca
velho. Motorista particular desempregado, havia quatro anos, amigos arrumaram-lhe
um trabalho pra abrir e fechar firmas. Todos os dias, Cabral pegava um trem de
Francisco Morato para São Paulo, onde passava o dia trabalhando como office-boy
para vários escritórios de advogados. Como complemento de renda, vendia bebidas
para bares da região onde morava e, aos finais de semana, abria um bar na
frente de casa.
Na entrevista
(http://www.youtube.com/watch?v=ufUjcYOY_iE) concedida por Amaury, no dia do
lançamento do livro (10/11/2010), a blogueiros e que foi transmitida ao vivo pela internet,
o que se viu foi um homem de figura e de comportamento compleramente incompatíveisl
com alguém que tivesse escrito seu livro. Estava à frente da câmera um homem
inchado, de pouco fôlego, de fala arrastada como a de um bêbado, com um
português muito ruim, cheio de erros de concordância, carente de variado vocabulário,
que ‘engole’ os ‘s’ dos plurais e ainda que não tem a menor noção de como se
fala a expressão em latin ‘modus operandi’,
apesar de tê-la usado algumas vezes no livro que agora publica. Ele falou,
várias vezes, durante a entrevista, ‘modo’ operandis. Outra pérola que saiu da
boca de Amaury: “Eu se (sic)
tornei um rastreador de dinheiro público”. Hein???? Só vendo a
entrevista.
Havia alguns momentos em que Amaury parecia-me uma figura já
bastante conhecida. Mas não conseguia saber exatamente de quem se tratava. Uma
figura fanfarrona, espaçosa, chegada numa ‘caninha’, inseguro (silogismo para
não saber do que fala) em explicar o que quer que se lhe pergunte fora do que
caiba na resposta decorada e sempre pronto para responder sobre qualquer coisa,
desde que na área das opiniões, mesmo que se trate de um absurdo qualquer.
A impressão e semelhança com alguém já conhecido na mídia
ficou ainda mais forte na hora em que Amaury disse: “Esses caras do PSDB são formados em Economia pela PUC-RJ, com
pós-graduação em ‘lavagem de dinheiro’, em Havard” (PSDB - (Partido Social Democrata Brasileiro); PUC-RJ - (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro); (USA) – Universidade norte-americana).
Em Inglês, para que o mundo entenda a pérola: “These PSDB (Brazilian Social Democratic Party) guys are graduated by
the PUC (Pontifical University - which is an university network that exist in
several Brazilian states) with Harvard (USA) post-graduate in 'money laundering”.
Não se parece com o discurso que muito se costumava ouvir de uma figura pública
muito famosa entre os brasileiros?
Mas de causar mais estranheza ainda é o
fato de tanto o editor , Luiz Imediato, quanto o autor alardearem confiantes
que qualquer processo contra o autor pelo que tenha sido dito na obra será
perda de tempo, com derrota garantida, porque tudo que estaria escrito ali
estaria também acompanhado de provas documentais. “Meus advogados disseram que todos que entrarem na Justiça contra nós,
por qualquer motivo, sairão derrotados na ação porque tudo o que se fala no
livro vem acompanhado de provas documentais”, diz o editor em entrevista
concedida a blogueiros transmitida ao vivo pela internet, no dia 10 de dezembro
último.
Um erro acreditar que assim o seja. Enganam-se tanto eles quanto seus advogados – a maior parte do que vem
relatado em ‘Privataria Tucana’ são ‘achismos’ e opiniões subjetivas do autor a
respeito do que este supõe estar por trás dos documentos apresentados no livro.
É como se nos fosse apresentado, por exemplo, um contrato qualquer de aluguel
entre um proprietário e um inquilino como prova ‘cabal’ e ‘documental’ de que
este tivesse assassinado o proprietário
do imóvel. Ora, o contrato é apenas prova de que exista uma relação comercial
entre as duas partes. Não é nem ao menos prova de que ambas sejam conhecidas
uma da outra, já que pode haver um administrador fazendo a interlocução entre
elas, e muito menos ainda prova de que uma destas partes tenha praticado ato
violento contra a outra.
Um exemplo. Diz o livro: “Derrotado na disputa à Presidência da
República, José Serra gastou boa parte da campanha eleitoral de 2010 resmungando contra
"espiões" que estariam bisbilhotando a vida de sua filha Verônica e
de ilustríssimas figuras de seu partido. Sua aliada, a mídia encarregou-se de reverberar seus
protestos, turbinando-os com altos decibéis.” Ora não há provas
documentais no livro de que a mídia seja ou que tenha sido aliada de José
Serra. Esta é uma opinião do autor e não um fato comprovado por documentos.
No meio da pequena ilha de palavras
redigidas cercada por um mar de documentos, que é a ‘Privataria Tucana’, há o
enxerto de um capítulo - o de n° 11 - completamete fora do contexto da ‘obra’,
despropositadamente dedicado quase que exclusivamente a difamar o coronel da
reserva do Exército, Enio Fontenelle, que Amaury chinga de “Doutor-Escuta, o
araponga de Serra”.
A troco de que? Pergunta-se. Para
financiar seu livro-colagem anti-tucano, servindo de pau-mandado e de
testa-de-ferro? Ou será que foi para comprar garantia de inocentização nos
processos que enfrenta por causa de sua participação na quebra de sigilo fiscal
da filha de José Serra e de seu marido, Alexandre Borgeois, durante a campanha
presidencial de 2010?
Este capítulo torna-se bastante
interessante por demonstrar o tamanho da capacidade que o autor, Amaury Ribeiro
Jr., tem de se transformar em um picareta com ‘uma caneta nas mãos’, expressão
usada para se referir a pessoas que tenham como publicar o que escrevem de modo
a ser lido por um grande número de pessoas. Mentiras é o que este homem publica
e repete em suas entrevistas sobre o coronel Fontenelle e sobre sua empresa, a
Fence.
A partir deste momento, passo a me referir
a Amaury Ribeiro Junior como ex-jornalista, como o faz o jornalista Reinaldo
Azevedo:
“Alguns
leitores me perguntam por que chamo Amaury Ribeiro Jr. de ‘ex-jornalista’.
Porque os crimes de que é acusado e as coisas que andou fazendo não
caracterizam exatamente o trabalho de um “jornalista”. Seja lá qual for, depois
que se desligou de O
Estado de Minas — e talvez um pouco antes —, a sua profissão é
outra. Jornalista não muda a realidade para depois retratá-la. Ainda que
repórteres investigativos sejam levados, muitas vezes, a dialogar com
criminosos para obter notícia e ainda que, freqüentemente, fiquem sabendo de
falcatruas por intermédio da ala da bandidagem que não se deu bem e decide se
vingar, isso é coisa muito diferente de praticar o crime, de fazer parte da
cadeia criminosa, entenderam? Assim, trata-se de um ex-jornalista.”
Concordo em gênero, número e grau,
principalmente agora, depois que o ex-jornalista publicou seu livro-colagem,
digo ‘A Privataria...’
Desmentindo Amaury
“A arapongagem
teria raiz no "núcleo de inteligência" montado por petistas, cuja
existência nunca foi provada. Serra sempre refutou, também com veemência,
adotar práticas semelhantes às que supunha ver praticadas por seus
adversários.” Diz Amaury no
livro.
Nunca foi provada a existência do
tal núcleo? Então os próprios petistas fizeram questão de mostrar que existia
na matéria ‘Paz, amor e guerra (por Policarpo
Junior)
’ publicada pela revista
Veja
(Edição 1826), em 29 de
outubro de 2003, que revelava os bastidores da corrida presidencial de 2002: “Há
um ano, Lula venceu a eleição com um estilo "paz e amor", mas, nos
bastidores, uma equipe do PT trabalhou noite e dia desencavando denúncias e
dossiês e promovendo blefes e negociações sigilosas para enfraquecer seus
adversários”. Basta clicar no link e reler a publicação que já pode ser
vista anteriormente aqui.
Prossegue o autor. “Mas
as relações de Serra com o submundo da espionagem foram levantadas pelo próprio
autor. Faltava, no entanto, prová-Ias. Este capítulo traz essa prova cabal, os documentos
inéditos que comprovam
definitivamente o que todo mundo sempre soube. Serra costuma recorrer ao
submundo da espionagem para vasculhar a vida de seus adversários políticos. A papelada cedida ao autor pelo jornalista
Gilberto Nascimento evidencia que o governador paulista contratou, sem
licitação, por meio da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São
Paulo (Prodesp), a empresa
Fence Consultor ia Empresarial”.
O capítulo traz a
prova de que Serra contratou a Fence para prestar serviços de Varredura
Eletrônica, que é nada mais do que ‘varrer’ ambientes e linhas de comunicação com o objetivo de
garantir a integridade de todos os sistemas de comunicações bem como o sigilo
das conversas ocorridas em gabinetes, salas de reuniões e outros ambientes
vulneráveis. Entenderam? Não tem rigorosamente nada a ver com serviço de
espionagem e muito menos com colocar escutas seja lá onde for.
Não há nada de ilegal no contrato apresentado no livro. Ao contrário,
cumprem-se todas as normas de contratos deste tipo entre duas partes com o
acréscimo, neste caso, oferecido por parte do contratado, de selo de garantia
ISO – o que não é comum entre as empresas brasileiras que oferecem este tipo de
serviço (pouquíssimas, aliás). Como se pode ver no texto do contrato, a Fence
já prestou serviços a outros órgãos públicos bem como a empresas de capital
misto e privadas - todos legalmente qualificados e declarados, inclusive
comprovados por emissão de notas fiscais e por relatórios entregues aos
contratantes. Absolutamente nada de ilegal.
Nada nos dois documentos apresentados neste capítulo do livro constitui
prova de contratação de serviço de ‘arapongagem’, palavra usada ou por
ignorantes no assunto ou por indivíduos, sabe-se lá o porquê, frustrados e
rancorosos, para designar ‘espionagem’.
Aliás, não é compreensível o deboche de algumas pessoas em relação aos
serviços de informações – que incluem espionagem como feramenta. Graças a estes
serviços, muito criminosos são presos e, nos casos mais extremos, muitas vidas
são salvas quando se consegue evitar, por exemplo, a consumação de ações de
terrorismo. Serviços de Inteligência são fundamentais em qualquer lugar do
planeta. Só aqui neste país ainda governado por revanchistas retrógrados e cuja
imprensa ainda é patrulhada e dominada por uma esquerda retardada e sem
compromisso com a verade é que estes serviços são menosprezados e
ridicularizados - pelo menos pelo governo instituído. Sabe-se que nem tão
desprezados assim são tais serviços por partidos que desejam eternizar-se no
poder, os quais têm serviços de inteleigência próprios.
Nada nos contratos apresentados neste capítulo do livro constitui prova
das acusações que são feitas a empresas e a pessoas referidas no texto
discertado pelo autor.
Talvez algumas pessoas tentem argumentar que não haja como provar que
uma espionagem tenha sido feita, principalmente quando há profissionais competentes
envolvidos. Enganam-se. As primeiras evidências de que tenha havido espionagem
são seus próprios frutos, ou seja, o acesso por parte de terceiros a dados e a
materiais que só seriam de conhecimento de grupo restrito e autorizado de
pessoas. Esse ‘vazamento’ de informações e/ou de materiais causa qualquer tipo
de prejuízo à vítima espionada e, geralmente, algum tipo de vantagem para quem
ordenou o trabalho de espionagem.
As provas, portanto, precisam ser obtidas a partir da investigação dos
passos dados pelas pessoas suspeitas de terem pago e/ou realizado operações que
sejam dignas de suspeição, durante determinado período no tempo. Vale lembrar
aos incautos que, nesses casos especificamente, quase sempre é inútil
‘perseguir o dinheiro’ somente, como querem fazer parecer ignorantes que se
gabam de expertize em investigação.
Portanto, repito: nada nos contratos apresentados neste capítulo do
livro constitui prova das acusações que são feitas a empresas e a pessoas
referidas no texto discertado pelo autor.
“A Fence é propriedade (sic) do
ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), o legendário coronel
reformado do exército (sic) Ênio Gomes Fontelle, 73 anos, conhecido na
comunidade de informações como "Doutor Escuta'.
Diz Amaury no livro.
A Fence é realmente de propriedade
do coronel do Exército reformado Enio Gomes Fontenelle (sem acento circunflexo
no E de Enio e não Fontelle, como escreve o autor que se intitula ‘jornalista investigativo’).
E não foi erro de digitação não, pois o nome errado permanece durante todo o
capítulo, aparecendo ainda numa outra versão - Fontelles. Engraçado é que,
quando dá entrevistas para TV o autor pronuncia corretamente o nome do coronel.
Será que ele não reparou neste erro grosseiro que se repetiu por todo o
capítulo? Será que não foi ele quem escreveu o livro? Será que foi mesmo o
próprio autor quem fez a ‘investigação’ do assunto?
Outro erro: o coronel Fontenelle
nunca foi agente do SNI. O cargo que ocupava era de direção e exigia curso
superior. Sua área era a tecnológica voltada para as telecomunicações
(comunicação à distância), trabalhando iclusive com materiais de grande porte
como linhas de transmissão, estações de rádio, antenas e satélites. Por isso
mesmo é que a comunidade de Inteligência jamais o tenha tido como ‘dr. escuta’.
Quem sabe talvez assim o seja conhecido, hoje em dia, entre desafetos que
tenham tido seus planos de escuta atrapalhados pelo trabalho de varredura do
coronel. Portanto, pelos contatos do autor e pelo baixíssimo nível do que chama
de sua ‘investigação’ suspeito que esta última alternativa seja a mais
plausível para justificar essa ‘pérola’ de difamação e de deboche gratuitos com
uma pessoa que fez muito mais pelo país do que muita gente que acha que é
grande coisa porque acha que se especializou em invertigar ‘maracutaias’.
“A
empresa do "Doutor Escuta" foi contratada por R$ 858 mil por ano "mais
extras emergenciais" - pagos pelo contribuinte - no dia 1O de julho de 2008. Vale lembrar que nessa
época a vida particular do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves estava
sendo espreitada por arapongas no Rio de Janeiro, onde a Fence está sediada. Talvez isso explique por que a
Prodesp tenha invocado "inelegibilidade" para contratar a empresa do
araponga sem licitação. Em outras palavras, a Prodesp afirma que o "Doutor
Escuta" não tinha concorrentes à altura para realizar o serviço.
Para começar, nenhuma empresa pode
ser oficialmente contratada segundo cláusula de inelegibilidade, especialmente
no setor público, porque algum responsável por contratações qualquer tenha
resolvido assim proceder. É preciso que a empresa esteja enquadrada dentro das
normas legais que a qualifiquem como passível de ser contratada mediante tal
alegação. No próprio contrato da Fence constam referências às leis e normas que
tratam dessas especificações. Além disso, não só a Prodesp como qualquer outra
empresa deve levar em conta questões como confiabilidade e segurança para
contratar serviços de varredura eletrônica. Portanto, talvez fosse mesmo a
Fence a única empresa que se enquadrasse em todas as exigências.
Exemplificando, é como se alguém
pudesse contratar para tomar conta de seus filhos uma pessoa qualquer que lhe
batesse à porta, ignorando as mínimas normas de segurança e fatores
importantes, como confiança, empatia, experiência e competência, para o tipo de
convivência que o contratado viria a ter com o contratante e sua família. Ora,
tenham a santa paciência, perseguição tem seus limites!
“Conforme
o contrato, entre outros serviços, a Fence é responsável pela "detecção
de incursões eletrônicas nas instalações da Prodesp ou em outras localizações
de interesse da empresa". Isto significa que a empresa tem como acessar os dados pessoais de
funcionários públicos, de juízes e até de parlamentares por uma simples razão:
a Prodesp é responsável não só pela folha de pagamento, mas também por todos
os serviços de informações do Estado. Ou seja, o contrato concede à firma do "Doutor Escuta" o
direito de invadir esses dados na hora que bem entender. Até o
fechamento deste livro (final de junho) o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
mantinha o contrato com a empresa de Fontelle”.
O livro estaria todo baseado em
provas documentais, afirmam o escritor e o editor da “Privataria...” Só mesmo
um analfabeto ou alguém que não tenha nem escrito nem lido o tal livro pode
sair, primeiro acreditando nisso, depois repetindo tal afirmativa,
indiscriminadamente, em todas as entrevistas que desse. Não há uma só linha nos
documentos apresentados neste capítulo que justifique a afirmativa de que “a empresa (Fence) tivesse como acessar os dados pessoais de
funcionários públicos, de juízes e até de parlamentares” porque a Prodesp seja
a responsável pela folha de pagamento dos funcionários públicos de SP e por
todos os serviços de informações do Estado. Muito menos ainda há referências no
contrato concedendo à Fence o direito
de invadir todos aqueles dados na hora em que bem entendesse.
Para que se tenha acesso a dados
como esses acima citados pelo autor é necessário que uma pessoa autorizada o
faça, mediante código de informação, senha ou coisa que o valha. Quando se
entra no sistema, este código fica registrado, junto com outras informações
como data, horário e tempo de acesso, bem como, em alguns casos, os dados
acessados. Foi assim que se pôde descobrir, por exemplo, quem havia sido o
autor da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, no caso envolvendo o
ex-ministro Palocci. Mesmo assim, a justiça entendeu que não havia evidências
que pudessem servir de prova legal de que o ocorrido tivesse sido fruto de
ordens expressas do ex-ministro.
É preciso esclarecer também ao
‘senhor ex-jornalista investigativo’ que para apresentar os relatórios de
varredura, a empresa contratada costuma despender todo o tempo com qualquer
ameaça que possa vir de fora para dentro, isto é, do ambiente externo para o
ambiente interno e que, inversamente, possa levar informações internas para o
exterior da empresa. Programas e arquivos que estejam na chamada ‘intranet’ não
representam alvo eletrônico de varredura e sim alvo físico de investigação – feito
pelos responsáveis pela Segurança da empresa e cujo objetivo está em encontrar
pessoa responsável por copiar, retirar ou introduzir algo no sistema.
Além disso, por acaso alguém veio a
se beneficiar de dados que, segundo acusações do autor, teriam sido acessados
pelo coronel na Prodesp? Não. Serra não utilizou nada que tivesse sido obtido
de maneira ilícita, muito menos na Prodesp, em sua última campanha para
presidente. Não houve nenhuma notícia em relação a isso. Além disso,
pergunta-se: que dados teriam sido acessados? Quando? Para que? Essas seriam as
provas que deveriam ter sido mostradas no livro deste ex-jornalista para que
ele pudesse fazer a acusação de tamanha gravidade que fez.
Enfim, são acusações gravíssimas
feitas sem nenhuma evidência de que estejam baseadas nem na realidade nem em
documentos probatórios. Jornalismo marrom de inegável sensacionalismo e de um
amadorismo de se estranhar, considerando os anos de experiência de trabalho do
autor.
Insisto na desconfiança de que
parece que não tenha sido o autor quem escreveu especialmente este capítulo do
livro.
Não é segredo que Amaury Ribeiro Jr.
tenha ficado extremamente magoado e rancoroso quando teve que assumir, durante
as últimas eleições presidenciais, toda a culpa pelo episódio de quebra de sigilo
fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. O jornalista foi acusado de ter sido quem
encomendara as invasões de privacidade na busca por informações comprometedoras
de José Serra, já que estava naquela época trabalhando junto à equipe de
campanha da candidata Dilma Roussef. Além disso, repito, foi indiciado por
quatro crimes em relação a este caso.
Amaury sempre desejou vingar-se do
PSDB e de seus ‘colegas’ de profissão, de quem o jornalista talvez esperasse um
apoio que não chegou. Talvez a publicação sensacionalista despreocupada com
simples regras de lógica e com um mínimo de compromisso com a informação verdadeira
tenha a ver com uma possível sensação de sentir-se vingado. Uma vingança que
pode custar caro a Amaury, ao menos financeiramente.
Continua o livro. “E
o que o delegado federal e ex-deputado, também federal, Marcelo Itagiba, chefe
da arapongagem serrista, tem a ver com isso? A resposta quem fornece é o
próprio currículo do coronel. O "Doutor Escuta" jacta-se de haver integrado o seleto grupo
de arapongas que Serra, quando era ministro da Saúde de FHC, montou na Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”.
O que será que Amaury quer dizer com
‘jacta-se’ (vangloriar-se, ufanar-se, gabar-se)? Onde será que o jornalista
teve a oportunidade de estar com o coronel Fontenelle para ter podido vê-lo
gabar-se de ter prestado serviços importantes ao então ministro da Saúde, José
Serra? Sim, porque ninguém ‘jacta-se’ de absolutamente nada quando coloca sua
experiência profissional em um currículo, por exemplo. A pessoa limita-se a
descrever, por escrito, pura e simplesmente, sua experiência profissional,
colocando local, período e função exercida nos trabalhos que já fez e/ou pelos
quais passou. Para ufanar-se geralmente as pessoas utilizam suas habilidades
oratórias auxiliadas por suas expressões corporais. Será que Amaury assistiu
algum vídeo no qual o coronel ‘jactava-se’ de ter trabalhado para o ministro da
Saúde? Ou será que teve acesso a algum documento redigido e assinado pelo
coronel onde este ‘jactava-se’, por escrito, de ter exercido tal atividade?
Talvez o jornalista tenha se excedido ao atribuir ‘sentimentos’ a terceiros
como se com eles tivesse estado pessoalmente ou como se a eles conhecesse.
“Sob
a batuta de Itagiba, além do coronel Fontelle, estavam ainda mais dois
personagens destas páginas. Um deles, o ex-agente do SNI Fernando Luiz
Barcellos, de alcunha "agente Jardim". E ... adivinhe quem mais!
Sim, ele mesmo, o delegado Onézimo das Graças Sousa, aquele mesmo frequentador
do restaurante Fritz, da confeitaria Praline e das páginas de Veja e dos jornalões em 2010. O ninho de arapongas da Anvisa
foi desativado pelo próprio Serra, o que aconteceu após a imprensa denunciar
que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de desafetos do então
ministro - entre eles seu colega, o ministro da Educação, Paulo Renato de
Souza, falecido em 2010 - estaria sendo esquadrinhada. Na época, o
argumento de Serra para a arregimentação de arapongas foi o medo. Receava ser
grampeado por representantes das indústrias de medicamentos, que teriam sido
contrariados por medidas do governo”.
Outro erro importante que Amaury
comete é dizer que havia ‘um ninho de
arapongas na Anvisa’. Os serviços contratados (que eram de varredura
eletrônica e não de espionagem) pelo então ministro da Saúde, José Serra, eram
plenamente justificáveis, na medida em que estavam em jogo a quebra da patente
de medicamentos (lembrar da importância que isso representou para o tratamento
da Aids) e a implantação do sistema de produção de medicamentos genéricos no
Brasil. Coisa simples, não?! Não se estava indo contra os interesses de nenhuma
grande indústria multinacional, não é mesmo?! Era coisa pouca, bobagem...
“Coincidentemente,
o "Doutor Escuta" e os demais pássaros foram contratados em 2002,
quando partidários do PFL (atual DEM) denunciaram a suposta vinculação de
setores do governo do PSDB com os grampos fatais à candidatura pefelista à
Presidência da República. Teriam levado a Polícia Federal a descobrir que a empresa
Lunus, de propriedade da candidata Roseana Sarney e de seu marido Jorge Murad,
guardava R$ 1,34 milhão em seu cofre. Suspeita-se que o dinheiro alimentaria a
campanha do PFL, implodida ali mesmo pela apreensão”.
Sobre o que realmente ocorreu após a imprensa ter
denunciado que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de
desafetos de Serra estariam sendo ‘espionadas’, e especialmente sobre o fim da
possível futura candidatura de Roseana Sarney à presidência de república, novamente
recomendo a leitura deste artigo bastante esclarecedor: ASSIM COMO ERA NO PRINCÍPIO,
AGORA E SEMPRE – de Christina Fontenelle,
que já foi, inclusive divulgado neste relato. Não é nada parecido com o que os
leitores tiveram conhecimento na época da divulgação de tais acontecimentos.
O que se pode adiantar ao leitor, ou
resumir, é que o envolvimento da Fence neste episódio foi logo descartado pela
própria imprensa, ao descobrir a participação de empresas de espionagem de
Brasília, entre elas a Interforte, no episódio. O nome da Fence e o do coronel
desapareceram da mídia logo nas primeiras fases do escândalo. Portanto, pura má
fé do autor da Privataria Tucana citar tal episódio, confiando na falta de
informação e de memória de seus leitores, para difamar gratuitamente um ser
humano.
“O
"Doutor Escuta" vem de longe. Foi no período do presidente João
Baptista de Figueiredo que ele se integrou à comunidade
de informações. Entrou pelas mãos do ex- ministro-chefe do SNI, Octávio
Medeiros. Seu rumo foi o
Garra, braço armado das ações clandestinas e a arma mais letal do SNI durante a
ditadura. Fontelles recebeu a tarefa de modernizar o arsenal tecnológico do
órgão. Como seu próprio codinome esclarece, o "Doutor Escuta" comandou
uma equipe de trabalho que desenvolveu aparelhos de escuta com tecnologia
nacional que substituíram os importados.
Este senhor Amaury parece mais um
irresponsável desesperado que aceita submeter-se aos ditames de algum petista
frustrado que lhe tenha ditado um texto pronto sobre o coronel Fontenelle –
para obter sabe-se lá que proveitos. Tudo para se vingar do pessoal da imprensa
que não o deixou levar adiante sua carreira de informante do PT. Digo isso por
causa da enorme quantidade de informações erradas que o jornalista expõe neste
capítulo – nem o nome do coronel o cara acertou! Como é que uma pessoa que se
diz jornalista investigativo tem a coragem de apresentar um ‘trabalho’ desses.
O coronel Fontenelle jamais
pertenceu ao Garra. Ele foi da área de Comunicações do Exército na ativa e,
quando foi para o SNI, atuou na mesma área. Todas as modernizações que foram
feitas quando o coronel esteve na direção do setor de Comunicações do órgão
jamais foram além de sua área.
Se o coronel tivesse desenvolvido um
aparelho de escuta com tecnologia nacional para substituir os importados, o teria
feito muito bem. Todos os serviços de informações do planeta possuem aparelhos
de espionagem, dentre eles os de escuta. É usando todo um aparato tecnológico
específico que conseguem proteger e manter sempre bem informada a cúpula dos
governos para que estejam protegidos de ações criminosas de toda espécie e, se
possível, adiantando-se às mesmas. Não há nada de errado nisso, especialmente
quando se está a serviço de um governo que tenha sido eleito por um Congresso
formado por parlamentares legalmente eleitos.
Além disso, foi o governo do
presidente João Baptista Figueiredo, general do EB, o responsável por fazer a
transição do governo militar para o governo civil, missão que cumpriu
plenamente. Servir ao governo de Figueiredo não deve representar vergonha para
ninguém. Ao contrário, significou trabalhar para garantir que a normalidade
democrática viesse a se reinstalar no país.
“Faziam
parte do seleto grupo do Garra os coronéis Ary Pereira de Carvalho, o
"Arizinho"; e Ary de Aguiar Freire, acusados de participar do complô
que resultou no assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten em outubro
de 1982. Dois meses antes de morrer, o jornalista compôs um dossiê. No chamado
Dossiê Baumgarten, os dois Arys são acusados de terem (sic) participado
da reunião em que foi selada a morte do jornalista”. (42)
“O
sargento Marival Dias, do CIE (Centro de Informação (sic)do
Exército), soube da morte do jornalista antes mesmo de seu desaparecimento ser
anunciado. Disse ao autor que Baumgarten teria sido executado pelo "Doutor
César", codinome do coronel José Brant, também do Garra, a exemplo de
Fontelles. Agente do CIE em Brasília, Dias teve acesso a um informe interno
onde se afirmava que a morte se devia a Brant. Em uma operação do Garra para
intimidar Baumgarten, o "Doutor César" teria se excedido e matado o
jornalista. Isto o teria obrigado a eliminar duas testemunhas: a mulher de
Baumgarten, Janete Hansen, e o barqueiro Manuel Valente. A reportagem,
publicada na revista IstoÉ,
nunca foi desmentida”. (43)
(42) Baumgarten saiu para uma pescaria no dia
13 de outubro de 1982. Seu corpo apareceu boiando doze dias mais tarde na praia
da Macumba, no bairro carioca do Recreio dos Bandeirantes. Tinha as marcas de
três tiros. Dois cadáveres, que seriam os de sua mulher, lanete Hansen, e do
barqueiro Manuel Valente, foram descobertos carbonizados em Teresópolis, alguns
dias mais tarde.
(43) "Os matadores'; de Amaury Ribeiro
Ir., reportagem publicada em IstoÉ, edição de 24 de março de 2004.
“Aos
seus clientes, o coronel Fontelles costuma dizer que sua empresa presta
serviços de contraespionagem e não espionagem. Como veremos mais à frente, foi justamente esse trabalho, ou de
contraespionagem, que acabou envolvendo o autor no episódio da quebra de sigilo
da suposta quebra de sigilo de Verônica Serra durante a campanha presidencial
de 2010”.
Primeiramente, não foi nenhum
trabalho de contraespionagem o que envolveu Amaury Ribeiro Jr no episódio da
quebra de sigilo fiscal de Verônica Serra e de seu marido. O que levou o
jornalista a se envolver no episódio foi justamente ter encomendado tal
material ao senhor Dirceu, que costumava levantar documentos em órgãos públicos
para o jornalista, mediante pagamento. Amaury afirma que não havia nada de
ilegal nisso. Ora, os boa parte dos documentos obtidos pelo jornalista não são
material ascessível a qualquer cidadão que o requisite pessoalmente ou até por
meio de um despachante sem, digamos, determinados privilégios.
Segundo o próprio autor do livro, a
posse de tais documentos é que fez com que membros da campanha presidencial de
Dilma Roussef o tivessem procurado. Certamente a intenção era a de usar o
material contra o candidato oposicionista do PSDB, José Serra. Se não
simpatizasse com o PT, se não tivesse tão interessado em poder e em dinheiro e
se estivese interessado somente em fazer investigações sobre o PSDB para
publicar um livro, Amaury deveria ter recusado atuar partidariamente no cenário
das eleições presidenciais. Portanto, foi a ambição e o partidarismo do
jornalista que o envolveram no caso de quebra de sigilo.
Além disso, o que mais enoja nesse
parágrafo é o fato de autor, mentirosa e intencionalmente, tentar fazer parecer
que os serviços prestados pela empresa do coronel Fontenelle tenham alguma
coisa a ver com o ‘inocente’ envolvimento de Amaury na quebra e sigilo fical de
familiares de José Serra. É de uma maldade inominável.
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O nome da FENCE Consultoria Empresarial
Ltda., de propriedade do coronel da reserva do Exército, Enio Gomes Fontenelle,
ganhou destaque em 2002, no episódio “Roseana Sarney – Dinheiro da Lunus”, ainda
que por pouco tempo, uma vez que tenha tido seu envolvimento no caso
descartado. Depois, os nomes da empresa e do coronel retornaram à mídia, no
caso dos “Grampos no TSE e no STF”. O envolvimento era pelo “inadmissível
cometimento do crime” de ter encontrado indícios de suspeição de que teria
havido escuta nas linhas telefônicas de ministros de TSE e do STJ. E as escutas
realmente aconteceram. Mais recentemente, em dezembro de 2010, o livro “A
Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, trás de volta os nomes do
coronel e de sua empresa para a mídia, fazendo injustificadas e mentirosas
acusações ao coronel, mediante a simples apresentação de um contrato,
completamente legal, entre sua empresa, a Fence, e a Prodesp de São Paulo.
Ao contrário do que fazem muitos artistas,
jornalistas e políticos, que escondem suas filiações partidárias, seus
parentescos, suas amizades e seus interesses, quando a clareza daquilo sobre o
que falam ou escrevem possa estar comprometida por causa dessas coisas, eu
agora sinto que é preciso revelar este meu parentesco com o coronel Fontenelle.
Eu sou filha dele, tendo convivido intensamente com ele lá se vão 48 anos.
Não tenho medo de jogar por terra a minha
carreira, simplesmente porque carreira é algo do que, entre outras coisas, se
tira dinheiro para sobreviver. É um trabalho remunerado. Sendo assim, eu não
tenho carreira, tenho um sonho (este sim de poder vir a ter uma carreira e de
viver num país justo e livre) e um inevitável compromisso com Deus, com a minha
consciência e com meus filhos. Honro, sim, pai e mãe, com muito orgulho. Honra
que, para mim, pode se manifestar de duas maneiras: quando eles acertam, eu os
defendo, até o fim; quando eles erram, eu os apoio, com meu carinho, minha
compaixão, mas jamais com acobertamento ou tentando tergiversar para defender o
indefensável, ainda que possa ser justificável. Pois assim foi como me
ensinaram eles mesmos, meus pais, e não só com palavras, mas com atitudes.
Muitos não tiveram a sorte de ter bons exemplos. Eu tive. E, portanto, a mim
não creio ser dado o direito de ignorá-los.
Durante toda a minha vida, eu tive um pai
e uma mãe que me ensinaram a sentir as pessoas, não a pura e simplesmente
enxergá-las. Meu pai foi sempre um aluno brilhante e assim continuou em toda
sua vida de trabalho, tanto no Exército, onde permaneceu até o posto de
Coronel, como em todas as atividades que desempenhou e ainda permanece fazendo,
na vida civil. Um homem honesto, muito admirado e muito querido, em todos os
lugares por onde passou. Inclusive no SNI (Serviço Nacional de Informações),
durante o tempo em que o órgão servia ao Brasil e não a governos.
Lá, sempre foi um chefe e um subordinado
admirado e respeitado. Pude ver isso, nas poucas vezes em que estive visitando
seu gabinete. Mas, de todas essas coisas que os filhos costumam gravar sobre
seus pais, uma coisa marcou muito a minha vida: certa vez, numa das primeiras
visitas que fiz a meu pai, pude observar um recorte de jornal emoldurado num
destes quadrinhos simples, de vidro e madeira.
Nele, a imagem de um menino nordestino,
raquítico e de olhar triste, que era carregado, nos braços de sua mãe, de volta
da escola para casa, porque não tinha forças para caminhar. O texto da
reportagem dizia que, naquele dia, não havia tido merenda escolar e que o
menino, faminto, voltava para casa, onde também não encontraria nada para
comer. Lembro de ter perguntado a meu pai o motivo de colocar aquele quadrinho
bem em frente à sua mesa de trabalho. Ele respondeu que era para que nunca
viesse a esquecer do que deveriam ser os reais propósitos do poder: tirar essa
gente da situação desumana em que vivem, tanto física como muitas vezes espiritualmente.
Eu tinha meus 15 ou 16 anos. Tudo que diz
respeito a aquele quadrinho jamais me saiu da memória: minha mãe, que havia
recortado a matéria e dado a meu pai, como sempre fazia, ajudando a enriquecer
os sentimentos e o intelecto daquele que tanto amava, com recortes, livros e amor;
a sensibilidade e a retidão de propósitos de meu pai; o exemplo, que diz e
representa muito mais do que mil palavras. E, ainda, ao longo de suas vidas,
por todos os lugares por onde passaram, meus pais deixaram infinitos bons
exemplos, bem como inúmeros atos de caridade, de amor e de compaixão.
Quando Fernando Collor assumiu a
presidência, meu pai, ainda no SNI, começou a ver procedimentos que não lhe
pareciam legais ou de boa ética. Um dia, seu superior determinou que mandasse
funcionários fazerem operações, no mínimo de ética muito duvidosa, com as quais
meu pai não concordava. Ele foi demitido do SNI, por se recusar a cumpri-las.
Para mim, ele alegou que tinha motivos para não confiar no governo de Collor e
que sua honra e honestidade estavam acima dos proventos que certamente minha
família perderia, depois que ele deixasse o cargo.
Ele recebeu os direitos trabalhistas e
ficou dois anos, em casa, sobrevivendo com o dinheiro da aposentadoria de
coronel do exército, com o qual tinha que sustentar uma família de 6 pessoas.
Foram dois anos de sacrifícios e angústias, até que um amigo o chamou para
trabalhar no desenvolvimento do projeto de segurança e de telecomunicações da
ECO 92.
A partir dali, e juntamente com o
desenvolvimento de um aparelho conhecido como misturador de voz, que vinha
sendo produzido por ele, acabou fazendo contatos e percebendo as necessidades
do mercado, até que conseguiu abrir uma empresa especializada em segurança de
telecomunicações. Por sua competência e idoneidade, meu pai foi conquistando
clientes e contratos, apesar da simplicidade da empresa, até que, finalmente,
depois de anos de trabalho, conseguiu alguns bons contratos, que puderam
proporcionar a compra de equipamentos mais modernos e mais eficientes, bem como
melhorar as condições de vida da família.
Um belo dia, em março de 2002, um repórter
chamado Weiller Diniz, da revista ISTO É, publicou uma reportagem acusando a FENCE
CONSULTORIA LTDA, de ser responsável pelas espionagens que geraram o material
que acabou por tanto afetar a pré-candidatura Roseana Sarney à presidência,
pelo PFL. Quando ficou claro que não havia sido a FENCE a autora das
espionagens, a revista, e já toda a imprensa, passou a perseguir a empresa
pelos valores do contrato com o Ministério da Saúde.
Este cidadão irresponsável, com apenas uma
reportagem, citando uma empresa que não tinha absolutamente nada a ver com o
episódio Roseana, arrasou a vida de algumas famílias inocentes. Já ele, não com
esta, mas com outra reportagem, foi agraciado com o Prêmio ESSO de Informação
Econômica, em 2004, e, em 2005, foi trabalhar, pela segunda vez, na assessoria
de imprensa do ‘ilibadíssimo’ senador Renan Calheiros.
Alguns dias depois da reportagem, e
enquanto ainda saiam outras, meus pais fizeram 40 anos de casados e, o que
poderia ter sido uma comemoração alegre e festiva, tão carinhosamente planejada
por minha mãe, foi, apesar de toda a beleza da missa, uma situação de
constrangimento para todos nós. Algum tempo depois, meu pai levou um tombo e
teve que operar, pela segunda vez, a rótula entre a bacia e o fêmur. Minha avó
sofreu um enfarte e teve que ser operada. Os dois se recuperaram bem. Mas, a
segurança financeira da família começaria a ficar difícil.
Por causa da reportagem mentirosa e de uma
perseguição infundada por parte a imprensa, a Fence perdeu muitos contratos,
pois, segundo os próprios clientes, havia o medo de serem igualmente perseguidos
pelo governo do PT. Dessa forma, meu pai teve que trabalhar fora da empresa
fazendo projetos de segurança de telecomunicações para Itaipú.
Enquanto isso, aguardávamos o julgamento da
investigação do Tribunal de Contas da União sobre o contrato entre a Fence e o
Ministério da Saúde pedida pelo deputado federal João Hermann Neto (PT), e cujo
resultado inocentou completamente a empresa de ter incorrido em qualquer
ilegalidade que fosse, inclusive nos valores pedidos.
Para ler o parecer do TCU
completo, clique
https://contas.tcu.gov.br/etcu/AcompanharProcesso?p1=4302&p2=2002&p3=6
Venceu a Fence pelo menos a parte moral da
batalha contra a perseguição petista, já que a parte do prejuízo financeiro
ficou sem ser reposta, uma vez que cabe ao injustiçado arcar com as despesas
para entrar com um processo de ressarcimento. Se vencer, além do valor da ação,
também recebe de volta as despesas que teve com o processo. Se perder, arca com
mais este prejuízo. Isso sem falar nos anos e anos de aborrecimento para que se
consiga vencer uma ação por danos morais e financeiros na Justiça brasileira.
Foram anos de trabalho para conseguir se
estabizar financeiramente. Até que veio o episódio dos grampos do TSE e do STJ.
O crime cometido pela Fence do coronel Fontenelle? Ter encontrado suspeição de
indícios de ter havido escuta nas linhas telefônicas do TSE
Por último: Tanto Amaury como a Editora que publicou o livro Privataria Tucana estão sendo processados. Já lá se vão 7 anos e nada de julgamento! Por que será? Isso porque o Cel. Enio Fontenelle já tem 80 anos - o que lhe garantiria prioridade no empo de andamento do processo. Os réus já tentaram pedir ao juiz que não colocasse a editora no processo - o juiz negou.